Por que não me considero cristão?

 POR QUE NÃO ME CONSIDERO CRISTÃO?


Sinto uma conexão com a figura de Cristo desde a infância. Diziam que desde os 6 anos eu parava gente na rua para falar de Jesus e gostava de fazer desenhos do calvário e figuras bíblicas. Sinto que por nascer em um país predominantemente cristão, é ou seria mais fácil desenvolver dentro daqui o conhecimento transcendental que propôs Jesus Cristo, mas infelizmente são poucos os que seguem à risca todos os seus ensinamentos. A maioria se prende pela culpa e se apegam à sua mensagem, mas não mudam sua mentalidade. Querem viver de forma oposta a Cristo, mas atrás de sua cruz por medo de um inferno ou “condenação eterna”. E é claro que a Igreja Católica por muito tempo alimentou toda essa alienação, culpa e medo e hoje o protestantismo impõe um Cristo distante da realidade. Distanciam os ensinamentos reais de Cristo para uma aceitação da vida errônea, materialista e fundamentalista com práticas “cristãs “.


Sendo assim, não me vejo cristão mesmo compartilhando os mesmos pensamentos de Cristo e também vivenciando sua presença. Também não vejo necessidade de me pôr como cristão por estudar o ocultismo católico que nada mais é senão a transformação de outras culturas e ensinos anteriores à figura central do cristianismo. O mundo não precisa de Jesus, pois sua figura já passou por aqui, e bem sabemos o final que teve. O mundo precisa sim de amor, caridade, misericórdia, bondade e justiça e estes ensinamentos não foram propagados somente por Jesus. 


No final, Jesus, Buda, Krishna, Maomé e tantos outros Mestres apontam sempre para a mesma direção de evolução pessoal e transformação do espírito e é indiferente você acreditar em um deles ou desacreditar do outro. Religião, em essência, é reunião, é Yoga, é voltar ao divino e você pode fazer isso sendo cristão ou ateu, até porque nada disso deve se tratar como crença, mas sim experiências.


Dentro das minhas vivências pessoais e espirituais, sinto mais forte a figura e ensinos do  Buda e do taoísmo e me inclino a adoração e contemplação a Krishna no hinduísmo, mas não possuo uma religião específica e nem procuro ter. Estudo tudo o que me “religa” e tem o poder de me tornar melhor como ser humano e ajudar os que estão à minha volta. Para mim, práticas religiosas são importantes mais por disciplina e exercícios diários frente a dispersão e distrações do dia a dia. Mesmo assim, elas são meios e não o fim.


Gosto de estudar e me aperfeiçoar no caminho dos homens santos e isto ressoa em mim positivamente e faço de bom coração. Sem me autodeclarar portador da Verdade, mas somente alguém no caminho a Ela. As Leis divinas que existem no universo devem ser de conhecimento a todos os seres e chegará dentro de cada um no tempo e hora certa. Você pode se atrasar para este acontecimento percorrendo um caminho mais penoso ou pode simplesmente se manter aberto e trabalhar diariamente nesta autotransformação e elevação espiritual provinda da união e amor fraternal por todos os seres.


Entretanto, eu também reconheço que quem quer se aprimorar dentro de qualquer doutrina religiosa e ser uma nova transformação dentro dela, deve sim viver e experienciar todo o ensino e conhecimento que ela produz. Seja através de estudos e reflexões das escrituras, como na meditação, prática e caridade proposta por elas. E sempre tendo um referencial da sua condição atual e de onde você chegará ao se desenvolver dentro dos credos e dogmas. O que será visto em sua conduta, em seu exemplo e sua postura frente aos acontecimentos do mundo e problemas da sociedade contemporânea.  E este não seria o caminho da sabedoria? Pois sim e este objetivo final pode ser experienciado dentro de religiões ou da pura filosofia. Qual caminho que você segue, pouco importa, mas sim o destino final que você deverá chegar.


Qualquer coisa que seja contra a isso, não é, de fato, religião, mas sim a obscuridade do egocentrismo e vaidade intelectual, provindo da ignorância e miséria de espírito. 


Acredito que o cristianismo só teve o peso que tinha pelo fato de Jesus ter nascido Judeu e carregar os ensinos da Torá do evangelho antigo, entretanto sua real figura se põe superior e novo ao que era vivido na região em sua época. O que fez com que hoje seus ensinos fossem fundidos, criando, desnecessariamente, um novo evangelho para manterem velhas tradições.


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