Sem teto, sem telhado

Fortes ventos me trouxeram até aqui

De um lado está
o armário fechado, do
outro eu ainda me
vejo deitado.

Um grande vazio
me corta por todos
os lados e no escuro
eu sinto o tamanho
do meu fardo.

E mesmo parado,
dentro de mim há
mais movimento do
que qualquer aquário.

Não sou mais eu
que estou bagunçado.
Não há mais ventos
que ameacem espantar
o velho tornado.

Trago comigo só
dez centavos. E é
tudo o que eu tenho
para te manter do meu
lado.

Não mais ventanias
no nosso seco quarto.
E eu juro a você que
não tenho nenhum
trocado.

Também não coloquei
sobre a casa nenhum
telhado. Agora eu sei porque
tudo está molhado.

E sou eu que me culpo
por não te ter mais do
meu lado. Não existe
teto para o nosso amor
embriagado.

Me convém olhar para
o céu e desejar que caia
das nuvens um merecido
raio.




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