O novo lugar

Não não digo o que sinto

As as coisas já parecem que voltaram ao normal, mas ainda mantenho em mim um mal dimensional. Estou feliz por estar aqui, é uma nova casa, um novo lar e sinto uma ânsia interior por poder me encontrar. Mesmo assim nem em todas as vezes em que estive só me encontrei mais sozinho que agora, mas possuo um pequeno quarto que me faz lembrar que posso já ter sido escravo ou em um lugar múido estive a habitar.

Me abalo um pouco por não saber por quanto tempo tudo isso pode durar. A velocidade letárgica de viver não me desanima. Me pego tirando fotos, conversando com o gato e esperançoso que essa pandemia esgote seus dias e centavos. Sentindo também a velha melancolia de um futuro sem passado e um presente sem futuro. Foram isso que fizeram com o meu mundo.

O som dos pássaros que ouço são os dos enjaulados. Estão presos em grandes que não são suas casas. Não sei se sinto desprezo pelos vizinhos ou se sinto pena por saber que estão mantendo um animal trancafiado. Eu amo os sons dos pássaros, mas dos livres amo muito mais porque está livre o que disseram que era só um pássaro e não preso em uma jaula para demonstração da sua aura.

E não venha me dizer que eles não podem ser livres. Somos um animal humano que pensa e que dá significados as coisas. Sendo assim, quando vejo um pássaro só posso lembrar que o seu canto não é forçado se ele estiver a voar em céus sem amparo.

Talvez seja eu que esteja enjaulado. Mas com boas pessoas que posso manter contato. Mas de pouco afeta, sou tão azul perto de luzes que iluminam meu lado sul. Estou tão abatido que me perco trocando lembranças de ter negando moedas ao mendigo deitado na rua. Como pude passar sem lhe dar nenhum trocado. Como pude olhar nos seus olhos e negar um feito ou um agrado.

Isto me torna o pior dos enjaulados. Me mantém amargurado e chego a estar seguro, mas não me ofereço nenhum cuidado. Se toda moeda tem dois lados o que falta para eu achar este lado mais amado. Assim não acabo mais fechado e sem ar para respirar vou me tornando um defunto, um morto, um mal amado.

Ainda não disse o que sinto. Ainda não senti o que disse. Se tudo eu manter para dentro, devo achar uma ilha com bons e turbulentos ventos. Fazendo com que o som da chuva seque os meus pensamentos. Estando eu úmido e completamente seco por dentro. Mas sou fogo que ainda não se apagou, que ainda destrói venenos e que longe se põe com o Sol no mar descendo. Sou eu por saber que em cada tempo que passa eu estou um pouco me perdendo e chegando a morte como todos os momentos onde já conheci os encantos de quatro paredes e os relentos que sinto e que vejo.



Comentários