O que nunca perdeu, nunca se ganha

O descarte foi irresponsável

Me joguei aos braços de um dia escuro. Não sabia onde estava a porta e nem o muro. Todos me olharam e logo se preocuparam com o que foi pago, com o que foi perdido e com o que foi deixado no escuro.

Mas não há problemas para quem nasce imaturo. O tempo há de passar pelo canudo com tamanha pressão que deixará feridas abertas e dará sede a quem esteve bem em estar seguro.

A rede balança com a ausência de melancolia. A tristeza não é mais sentida e dá lugar a um velho sentimento que por muito tempo me domina.

Seu nome continua em segredo. Ou não me esqueço ou procuro dar nome ao que tenho tanto apreço. São tantos caminhos sem volta, são tantas voltas sem nenhum caminho que me pego em pé decidindo se deito ou se me dou mais um tempinho.

Porém, todos me viram andar pelado pela rua. Viram meu corpo nu e como eu expressava minha liberdade em danças despidas de vergonha. Só não beijei o asfalto porque estava quente o pedido que fizeram ao deus do gado.

Mas apesar de tudo, ainda serei um irresponsável. Carregando comigo a culpa de um viciado. Desesperado em meio a abstinência que agora só lateja quando a coloco á beira do descarte.

É como um carrossel, ele dá inúmeras voltas dentro da minha cabeça. Quase nunca para á direita, mas sempre para á esquerda. Me pego dando voltas e mais voltas, sempre sorrindo, sempre indo e nunca desejando a sua volta.

Ai tempo, só você sabe que um dia tudo isso retorna. Se estarei pronto ou não, deitado ou em pé, sedento ou saciado... Só espero que não me rotulem como irresponsável.

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