Introduzindo o silêncio do carneiro

COMPLETAMENTE INCOMPLETO

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carneirinho profano
   Em um passado talvez distante, mas ainda muito presente; de alguma coisa foi formado e até hoje ainda permanece em crescimento. Assim como no começo, constantemente um novo corpo e mente é formada. Um novo ser que pensa em se criar e no decorrer de uma vida, esse sentimento irá se adequando e se aperfeiçoando a tudo que já existiu. E é de frente ao outro que ele se espanta.

Descaso total


   Eu consigo aprender isso, sabia? Mas não vou reter - por muito tempo - nada do que ‘apreendi’. Até porque, nada vai ser completamente meu. E é nesse processo que minha semi-história vai ficando no esquecimento. São de curtos desligamentos de tudo ao meu redor e mesmo que eu consiga me lembrar dos pequenos momentos sentado em algum banco, vou continuar achando que um dia serei capaz e digno do tudo. Conseguindo olhar para mim mesmo e perceber quais as lacunas que faltam, quais os conhecimentos que se perdem e quais as memórias que se desvaem.

Amaria escrever um livro, adoraria estar em um livro e me encantaria pensar com um. Se é que seja possível.

   Confesso que que a linguagem oral é onde mais me retraio e o que mais me incomoda. Mesmo separando entre o pensado e o falado, vejo que talvez esteja em mim o ‘’problema’’ ou então como chegou,  como foi absorvido... Penso que esse problema possa estar de dentro e que aos poucos se reverbera para o lado de fora, para a fala.

   Quando digo, hoje em dia, minha mente se perde para dentro. O som de um nada já é capaz de tirar minha a completa atenção e/ou concentração. Quando vejo, já não sei mais o que deveria falar ou calar, já esqueci tudo o tinha para dizer.

Uma alma passiva, uma fala mecânica, uma  pessoa confusa.

   Me considero um escritor de almas e sentimentos, consigo expressar parcialmente isso na fala. Longe de regras mas sofrendo por elas. 

   Sou letárgico em quase tudo, gosto de gostar  mas acho que só fico nisso. Nunca vou mais além do que a mim é oferecido, do que aprendo ou do que sinto que deveria expressar. Tudo se perde, novamente, aqui dentro.

   Eu consigo sentir uma energia ao escrever, bem diferente do que é ao digitar ou até mesmo ao falar. Minha mente se expressa como um ‘’sábio antigo’’ e além do desprezo que sinto por mim mesmo, essa é um dos sentimentos que quero manter seguro comigo. Como se algo dentro de mim gritasse pedindo mais e mais daquilo, mas acredito que esteja longe do que consigo ou queira oferecer, a segurança se perde e o declínio aparece.

   Talvez a falta de coesão, harmonia ou sentido sejam decisivos para considerar a minha minha fala - e talvez até a escrita - como errada ou superficial. Mas o que posso dizer ou escrever que se mantenha ligado a uma identidade construída e aos poucos não se dissipe - por mim mesmo -  pelo que absorvo dos outros? Será os ‘’erros’’  que vão fazer com que me afaste de tudo que me dá uma gota de prazer? Ou que impossibilite o compartilhamento do que acredito ser... Simplesmente não tenho como e nem motivos para saber.

   No final de tudo, não importando como eu me veja, sempre será a visão de outrens que irão definir qual construção de ‘’certo'' ou de ‘’errado’’ é a mais apropriada para minha vida. E acho que fingo não me importar, mas lá no fundo ainda sinto e me preocupo, pois, no mesmo momento em que quero ser claro e expressar o que escrevo ou digo para o maior número de pessoas, sinto que somente eu consiga encontrar algum sentindo. E olha que nem eu entendo o que sinto.

   Até que eu seja capaz de construir para mim mesmo uma verdade sólida e concreta. Impenetrável e transformadora, partindo assim de um princípio de cura interior. Uma cura que também necessita ser compartilhada, porém, acho muito mais louvável encontrar na sua própria calmaria ou tempestade. Meu esclarecimento, que segundo Kant, seria a saída de um ser de sua menoridade que dela mesma é o responsável. O que posso pensar disso tudo a não ser que a descoberta do meu vazio e de uma lacuna, que vai além da minha ferida para um domínio e crítica de mim mesmo. Isso tudo vai me levar ao apogeu ou a um completo declínio.



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